Cerca de quatro meses depois da tentativa de estupro, o caso em que estão envolvidos o professor Jorge Zaverucha e uma aluna de mestrado da UFPE está sem desfecho.
No último dia 14 de setembro, seria realizada audiência de conciliação entre o acusado e a vítima. Ou seja: eles ficariam frente a frente para discutir um possível acordo e fechar o processo. Na ocasião, estavam presentes os advogados das partes, os próprios envolvidos e algumas manifestantes que seguravam cartazes na entrada do Fórum Tomas de Aquino. O acusado parecia tranquilo durante a espera e não mostrava sinais de preocupação com o processo, ao contrário da vítmia, aparentemente abalada com a possibilidade de ter que dialogar com o agressor. Mas o encontro formal de conciliação dos envolvidos não aconteceu, a justiça criminal especial cancelou a audiência de conciliação. O processo foi levado à Procuradoria Federal para investigação e o Ministério Público Federal denunciou o professor. Ou seja: agora o caso vai ser julgado pela instância Federal e, esperamos, solucionado com a justiça para a vítima.
Novamente, nos compete divulgar cada detalhe sobre o caso enquanto aguardamos os movimentos das instituições. No judiciário, aguardamos a próxima audiência. Na UFPE, aguardamos a instauração de um Inquérito Administrativo, uma investigação interna da Universidade; que correrá a portas fechadas.
Poderia ser qualquer uma de NÓS! Vamos esquecer?
Mais que divulgar nossa espera, precisamos de APOIO nesta luta. Muitas alunas, ao saber do caso, questionam se a história aconteceu ou não. Duvidam da denúncia ou desconsideram o caso porque “ele não consumou o fato.” Entendemos que a opressão de gênero se manifesta de diversas formas, mais ou menos físicas, mais ou menos cruéis, a depender do ponto de vista e da situação. Não é apenas o ato sexual que indica agressão. Todos os dias nos nossos ambientes de trabalho, nas salas de aula, na rua, sofremos agressão. Verbal. Psicológica. COTIDIANA.
Casos como este acontecem na UFPE. Todas temos certeza. Mas: qual destes casos teve uma solução? Quem de nós teve coragem de denunciar?
Muitas vezes não ficamos sabendo porque nós mesmas, as vítimas, não temos coragem de falar. Por isso alertamos: a solidariedade com este caso é a solidariedade com todos os casos.